"Deixamos tudo e Te seguimos. O
que receberemos?
Infelizmente, a matemática do
evangelho capitalista de 100 vezes mais tem sido pauta de muitas reuniões
cristãs. As vantagens são evidentes, afinal, quem não quer uma fé que
recompense com tamanha rentabilidade? É sempre bom lembrar que o que Jesus
disse foi que receberíamos cem vezes tanto em relacionamentos nessa nova
comunidade chamada Reino e, pasme, que tudo isso também viria acompanhado de
perseguições (Mc. 10.29,30).
Para quem vive numa sociedade
capitalista, justificar um investimento é a coisa mais comum do mundo. Aqueles
que trabalham na área comercial sabem que ressaltar os benefícios de bens e
serviços é primordial em qualquer proposta de negócios.
Embora o evangelho não precise de
justificativas para existir, muitos cristãos ainda tentam defender a sua causa
por meio do anúncio de suas "vantagens":
"Ah... nesse fim-de-semana mais de 100
pessoas foram curadas em minha igreja. E na sua?" - "Ah... na minha,
fizemos a campanha das causas impossíveis e profetizamos que mais de 100 saíram
com a carteira assinada" - "Já na minha, o pastor profetizou a bênção
do 'Cem Vezes Mais' e tenho fé que também receberei!"
Aliás, esse “toma-lá-dá-cá” em
algumas igrejas é tão explícito que a liderança convida aqueles "humildes
servos" que desejam ofertar altas quantias a irem à frente receber uma
oração especial (seja lá o que isso for). A cena é patética: os vitoriosos, de
frente para a igreja, de cabeça baixa, mãozinhas sobrepostas e aquele ar de
piedade como quem diz: "Fazer o quê, eu sou bondoso, né!?" (rs). Só
falta um violino com uma triste melodia.
"Portanto, quando você der esmola, não
anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas,
a fim de serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua
plena recompensa." - Mateus 6.2
Mas a pergunta que dá título a
essa mensagem veio do próprio Apóstolo Pedro: "Eis que nós deixamos tudo,
e te seguimos; que receberemos?" (Mt. 19.27). E embora Jesus já tenha
respondido a questão, muitos cristãos ainda tentam ajudá-lo, complementando
aquilo que Ele teoricamente "esqueceu": "Venha para Jesus e
fique livre de todos os seus problemas", "Aceite Jesus e seja curado
de todas as suas enfermidades", "Só Jesus pode lhe fazer
prosperar!". Porém, como disse meu amigo Paulo César Baruk: "Deus não
tem o dever de suprir nossas expectativas, mas tem o prazer de suprir nossas
necessidades"
Veja a Bíblia já nos deu garantia
de que nossa obra tem recompensa (II Cr. 15.7). Os galardões foram garantidos
pelo próprio Mestre (Lc. 6.23). Paulo, porém, nos dá uma idéia da verdadeira
motivação dos galardões quando diz: “... não corro como quem corre sem
alvo." (I Co. 9.26). Creio que galardão ou qualquer tipo de recompensa
seja apenas um lampejo do porvir. Uma brisa de esperança que sopra da Cidade
Celestial. Uma luz no fim do túnel para lembrar-nos que estamos no caminho
certo. Esse prêmio, porém, nunca será nosso alvo. O alvo é Cristo!
Que em nome de Jesus possamos
servi-Lo com alegria de coração sem nos importarmos com recompensas ou
vantagens. Que deixemos de anunciar um evangelho de investimentos, implorando
aos perdidos que o aceitem. Afinal, o próprio Senhor virou para uma multidão que
o seguia e disse: "Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro
não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para
completá-la?" (Lc. 14.28). É como se Ele dissesse: "Tem certeza que
quer me seguir?"
E lembre-se: se Deus nos desse o
que merecíamos, estaríamos perdidos!
No amor do Pai,
L. Rogério"
[Texto abstraído de http://www.danyeroger.blogspot.com/]
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