terça-feira, junho 19, 2012

A Grande Comissão como paradigma para a multiplicação de igrejas

    A Grande Comissão é o paradigma missionário máximo da igreja. Apresentada em todos os quatro evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos, a ordem de Jesus de expandir a mensagem do evangelho indica não apenas o que a igreja deve fazer, mas também o que ela deve ser. O texto de Mateus 28.19-20 se reveste de importância crucial por ser o relato mais completo da Grande Comissão. Ao mesmo tempo, temos vivido uma época em que a plantação de igrejas tem sido uma boa ênfase de muitas igrejas e denominações evangélicas e um modelo que merece destaque é o de plantação de igrejas por transplante. Tendo isso em vista, uma análise dos dois versículos finais de Mateus e a identificação das relações existentes entre eles e a prática da plantação de igrejas por transplante se torna digna de estudo. Neste artigo procurar-se-á demonstrar, preliminarmente, que o método de plantação de igrejas através do transplante de membros de uma igreja já estabelecida constitui uma aplicação correta do “ide” da Grande Comissão conforme registrada por Mateus.
     Para levar a termo esta introdução ao tema, o artigo buscará mostrar que uma leitura acurada de Mateus 28.19-20 aponta para a direção de que o “Ide” é elemento necessário para o correto cumprimento do imperativo de fazer discípulos e tal mandamento é dirigido a todos os crentes. Além disso, cabe argumentar a favor da plantação de igrejas como sendo a maneira mais eficaz de cumprir a Grande Comissão. E, por fim, o texto advogará em favor do modelo de plantação de igrejas por transplante como implicação da Grande Comissão segundo Mateus.
     Plantar igrejas é cumprir a Grande Comissão, mas qual é a melhor maneira de plantar uma igreja? Não há uma fórmula mágica de se realizar isso, mas existem diversos modelos de plantação que tem sido utilizado nos mais variados contextos. Tim Keller e J. Allen Thompson apontam seis modelos distintos de plantação de igrejas: pioneiro, ramificação, adoção, parceria, propagação e catalisador. Neste artigo, tem-se advogado o modelo de transplante ou ramificação como uma aplicação plausível para o “Ide” de Mateus 28.19, a ação circunstancial necessária ao cumprimento da Grande Comissão.
     A plantação de igrejas por transplante consiste em transferir da igreja mãe um grupo de pessoas que se tornarão o grupo central da futura igreja filha. Ele se difere dos outros modelos pelo fato de um grupo de cristãos deslocarem-se deliberadamente para uma igreja nascente, deixando para trás todo o conforto que envolve participar de uma igreja já consolidada e estruturada.
     Como foi defendido acima, o “Ir” não se constitui elemento sem importância na ordem de Jesus conforme narrada por Mateus. Antes, não é possível fazer discípulos de todas as nações se a igreja não se movimentar em direção a elas. No entanto, ao tomar a iniciativa de iniciar novos trabalhos, normalmente as igrejas optam pelo modelo pioneiro, no qual o obreiro tem o dever de iniciar o trabalho do zero. Com isso apenas o pastor ou missionário responsável pelo trabalho se desloca, apenas ele cumpre o “Ide” da Comissão que envolve não apenas pregar, mas reunir os conversos em novas igrejas que dêem continuidade no processo de multiplicação de igrejas saudáveis. No modelo de plantação por transplante, um grupo maior de cristãos se tornam cumpridores diretos do mandamento de Jesus.
     Como visto, a Grande Comissão exige dos cristãos a disposição de “ir”. Ir de encontro a pessoas em todos os lugares para que elas se tornem parte da Igreja de Cristo através do surgimento de novas igrejas locais que se preocupem em manter vivo o desejo de dar continuidade ao processo de multiplicar comunidades cristãs em todo o mundo. Para isso, o modelo de transplante de membros maduros de uma igreja já estabelecida para uma que está sendo plantada constitui uma implicação não apenas plausível, mas eficaz do que tange ao cumprimento total da Comissão dada a todos os discípulos. Discípulos fazem novos discípulos que serão reunidos em igrejas que plantarão novas igrejas. E esta dinâmica deve envolver todos os crentes e não apenas pastores, evangelistas e missionários.
     Isto posto, pode-se concluir por esta pesquisa preliminar que o método de plantação de igrejas através do transplante de membros de uma igreja já estabelecida constitui uma aplicação correta do “ide” da Grande Comissão conforme registrada por Mateus. Fica a cargo de pesquisas posteriores a elaboração de métodos claros para a prática da plantação através do transplante.
[Fonte, texto abstraído {http://veritatisverbum.wordpress.com/2011/04/15/a-grande-comissao-como-paradigma-para-a-multiplicacao-de-igrejas-por-transplante/}]