quinta-feira, janeiro 05, 2012

A Relação do Cristão Com o Governo (parte 1/2)

Os cristãos estão no mundo, mas não devem ser do mundo (João 15:17). Os cristãos vivem no mundo como peregrinos, considerando-se cidadãos do céu (Filipenses 3:20). Entretanto, os cristãos também têm responsabilidades como cidadãos dos países da terra. Como pode um cristão conciliar os conflitos entre duas cidadanias, a terrestre e a celestial? O que as escrituras ensinam sobre os governos nacionais e a responsabilidade de um cristão para com eles? Princípios  
A pergunta que pretendiam usar como armadilha deu a Jesus a oportunidade para Ele definir a relação básica de um cristão com o governo. Veja a pergunta: "É lícito pagar tributo a César, ou não?" (Mateus 22:17). Os inimigos de Jesus pensaram que tinham maquinado um dilema sem saída. Se Jesus dissesse para pagar os impostos, ele não só ficaria impopular (porque os judeus odiavam ter que pagar impostos aos dominadores romanos), mas também poderia ser retratado como sendo contra Deus, uma vez que Deus exige fidelidade exclusiva. Mas, se Jesus dissesse para não pagar, ele seria preso pelos romanos, por traição. A maneira como Jesus resolveu o dilema foi impressionante. "Jesus, porém, conhecendo-lhes a malícia, respondeu: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. Trouxeram-lhe um denário. E ele lhes perguntou: De quem é esta efígie e inscrição? Responderam: De César. Então lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mateus 22:18-21). Jesus pediu uma moeda e perguntou o nome e a cara de quem estava nela. É claro, essas moedas era propriedade de César: Elas tinham sua assinatura e sua imagem nelas. Os judeus estavam recebendo os benefícios da dominação romana e tinham obrigação de pagar pelo que eles estavam recebendo e devolver a propriedade de César quando exigida. Ao evitar a armadilha, Jesus lançou o princípio básico regulando a relação do cristão com o governo: o homem tem uma dupla natureza e uma dupla cidadania. O homem tem responsabilidade para com o governo, no campo civil e para com Deus, no campo espiritual. Normalmente, é possível dar tanto a Deus como ao governo o que lhes é devido. Em geral, quando alguém se torna um cristão, ele não se retira do mundo nem corta todas as relações terrestres, mas leva os princípios cristãos para cada relacionamento da vida (1 Coríntios 7:17-24).
Paulo ampliou estes pontos e deu uma explicação mais completa do papel do governo no plano de Deus. "Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores: porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor quando se faz o bem, e, sim, quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência. Por esse motivo também pagais tributos: porque são ministros de Deus, atendendo constantemente a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra" (Romanos 13:1-7). Paulo mostrou que as autoridades superiores são estabelecidas por Deus. Deus é o rei e o soberano sobre as nações (Salmo 47; Daniel 4; Jeremias 18:5-10). Deus estabeleceu autoridade em muitas áreas da sociedade. Na família, por exemplo, Deus estabeleceu o esposo e o pai como autoridades. Do mesmo modo, Deus constituiu o governo civil como a autoridade da nação. Deus instituiu o governo civil para servir como seu ministro para o bem: para louvar o que é direito e para vingar o mal. Princípios de justiça e direito são o alicerce do governo do universo, por Deus, e foram planejados por Deus para serem, do mesmo modo, o alicerce dos princípios do governo civil (Salmo 89:14-15; Jeremias 22:1-5; Provérbios 14:34).